sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Dias se passavam e eu ali naquela cama de hospital. Enfermeiras entravam e "pegavam" a minha veia. Tosses e gemidos sinalizavam as dores dos outros pacientes. Frio do ar condicionado. E uma dor que parecia não querer ir embora. Uma dor torturante que me deixava agoniada, que fazia com que eu me encolhesse e chorasse baixinho enquanto orava para que Deus me ajudasse, para que o sangramento cessasse, para que as dores me abandonassem, para que eu pudesse ficar curada e assim poder ir embora daquele lugar. Engraçado como o ser humano se apega mais a Deus em momentos difíceis, onde ninguém mais pode te ajudar.
Dores. Agulhadas. Prendedor de dedão. Pedestal de soro. Suco. Sopa. Mingau. Medo. Dores.
Todos os dias e em todos os turnos, uma enfermeira vinha coletar o meu sangue. Os meus braços e mãos estavam roxos e cheios de furos, de forma que não podiam mais ser torturados. Lembro que até tentei brincar, em meio as dores e fraqueza, que era para ela tentar coletar sangue do meu pé.
Uma pessoa saudável tem entre 150 e 450 mil plaquetas. Eu, sofrendo com a dengue hemorrágica, estava com 45 mil... e descendo.

Essa experiência me deixou tão traumatizada que se eu pudesse, ficaria uns cinco anos sem comparecer ao hospital para fazer - nem mesmo - exames de rotina.






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